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Conheça a história da Louça Morena de Itabaianinha Sergipe


 

 Batizada pela intelectual Cecília Meireles devido o tom avermelhado do barro que serve de matéria prima para a produção da cerâmica, a Louça Morena apresenta uma especificidade em seu modo de saber fazer. 

Sua técnica é sui generi, pois não apresenta nenhuma semelhança com outros modo de produção de cerâmica no Brasil, sua produção é toda feita à mão, sem o uso do torno, ferramenta esta utilizada para girar a peça enquanto é modelada, de herança européia, nem o uso do rolete, também utilizada para amaciar o barro e facilitar a modelagem, de herança indígena.

A modelagem da Louça Morena, como dito, nasce a partir da conversa entre as duas mãos de quem a produz, a partir do “bolo de barro” as peças ganham forma, à medida que são manuseadas vão expandindo seu interior e se fazendo girar o barro entre as palmas das mãos, se configurando em uma espécie de torno imaginário. 

A produção da louça requer uma sequência extremamente complexa e demorada de etapas, que envolvem a escolha do barro de boa qualidade (com pouca ou sem pedras), a divisão dos “bolos” em tamanhos semelhantes, a abertura “modelagem à mão”, a secagem, raspagem (com um pedaço de madeira), o polimento (com um pedaço de couro), a queima ao forno, a pintura, e o retorno ao forno para fixar a tinta. Após este processo, a peça está pronta para a comercialização.


A influência indígena se dá através do uso da árvore conhecida popularmente como Jurema, extraída na região ainda em seu habitat natural e adquirida pelas mulheres produtoras da louça, tem uma relação de auxiliar no processo de produção, sendo sua madeira utilizada para fornecer a chama que sustenta o forno onde são queimadas as peças, também é de seu caule (casca) que se extrai a tinta para criar os desenhos que dão um toque final a elas. 

Os objetos criados a partir dessa técnica são: alguidares, sopeiras, tigelas, pratos e panelas. Essas peças são comercializadas a um valor de mercado muito baixo, por ter uma clientela na sua maioria formada por atravessadores de outros estados.

A atividade é realizada somente por mulheres, seu saber é transmitido entre diferentes gerações. Porém, atualmente devido ao longo e cansativo processo de produção e a baixa valorização econômica, a atividade possui poucas produtoras e não consegue atrair novas interessadas em aprender o ofício, fazendo com que a continuidade da existência da Louça Morena esteja ameaçada.

Texto: Eline Costa.

Fotos: Breno Couto.

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